Machucadas Talvez num instante de voluptia, de magia, ou até simplesmente num instante normal, fui ali. Fui para ali, para o canto recondito da minha imaginação. Sonhei estar rodeada de plantas, de verde, de esperança, de amor, de tédio, de estruturas eficientes e poderosas. Mas eram simplesmente laxantes. Seres que entram, revolucionam, e saem sem querermos, poderosamente entregando-nos à dor e ao mal-estar. E ficamos quietinhas, diria-se como plantas, numa "paccata" saudade. Num misto de presença e de ausência. Onde pairou a áua que matava a sede? E a presença que consolava até os cactos espinhosos e malditos? Serei planta de vaso ou carnivora? Sinto demasiadas vezes que a solidão me vem deixando aqui, abandonada neste corrosivo substrato e, reverso do poder, me torna machucadora. A planta de que se alimentam e que trata quem pode, destratou quem pôde, amaldiçou quem se aproximou. Mas.. onde começa quem sou e termina a planta carnivora e comilona? Eu sei que não sou permane...