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Mensagens

A mostrar mensagens de dezembro, 2011

Dissolver no mundo inteiro

Eu desejo escrever ao mundo inteiro. Substituir este meu sentimento de vazio e de cansaço pela dissoluçao. Saber que entreguei a todos aquilo que era devido. Que nao falhei para com os outros. Dissolver-me com carinho por eles. Pertencer ao mundo e a ele me entregar. Mas o mundo nao cuida legitimamente de nos. O mundo nao existe em tudo, nem com todos. Devemos cuidar de nos quando nos apetece a dissoluçao. Quando nos apetece ser tudo para todos, substituir o mal que sentimos por qualquer outra coisa humana. Quando é isso que vivemos, quando é a isso que nos entregamos, deixamos que a nossa integridade emocional e as nossas necessidades básicas sejam postas em risco. E quem virá de fora cuidar de nós? Quem virá de fora proteger-nos do caminho que queremos para nós? Quem terá coragem de nos fazer frente, naquilo que só a nós diz respeito?

Permitir-se sentir medo do futuro

Sao fugazes os momentos nos quais me permito sentir medo do futuro. Um futuro tao amplo, tao indefinido. Ao inves de sentir possibilidades com a abertura do mundo, sinto medo. E mais uma vez fico presa ao passado, e quero mais do mesmo. Enquanto a vivi, nao foi uma realidade saciante. Mas, enquanto a vivi, foi uma realidade que fui dominando e aprimorando, até sentir conforto estando nela. Fui escolhendo ficar nela até me habituar e até existir real e plenamente nela. Agora que existia em plenitude nela, tal como havia existido em plenitude noutras realidades, sou transposta para outra vida, para outro mundo e outras exigências. Até a dominar e até existir nela em plenitude. E é isso que temo. O tempo de habituaçao. A luta até à plenitude. Até perceber que nada de importante mudou, que nada de importante me foi retirado. Eu existo como sou em toda a parte e o Deus que me acompanha renova as minhas forças. Eu permito que outros entrem em minha vida e renovem as minhas forças. E qua

Planear mentalente uma nova realidade

Estar aqui nesta realidade e ter que enfrentar, idealizar, melhorar uma outra realidade, muito próxima, mas que se desconhece. É assustador. Sei como vai ser a nova vida, na teoria, mas nao sei se tenho coragem de idealizar como vai ser na realidade. Ter que enfrentar os medos que tenho. Sonhar, idealizar, mellhorar. Sem a conhecer. Planear e decidir. Sao seis meseses deste futuro próximo. O que pretendo descobrir dos outros neste tempo? Que tipo de pessoas quero encontrar, derreter-me com? Quem quero conhecer melhor? É um tempo para mim? Ou um tempo para os receber dos outros? Perante o que sinto, acho que preferia receber dos outros. Acho que preferia conhecer pessoas, sentir delas prazer. Há tanto tempo que nao me delicio nisso. Seria encantandor, nao? No concreto da minha realidade, conheci dos outros quando senti que eu mesma nao era capaz de trazer para o mundo dádivas e, entao, recebia dos outros. Conhecer os outros, permitir que eles escolham e que eles vivam comigo um mun

Adiar o desfecho

Uma quantidade minúscula de tempo é suficiente para realizar uma panóplia de coisas que adiamos e adiamos e adiamos. Adiamos sem fim, nao pelo tempo real que ocupam, mas pelo tempo mental que dispendemos a acarinhar o presente. Um presente sofrido. Viciados no sofrimento, preferimos o presente sofrido de quem nao completa suas tarefas essenciais. Viciados no sofrimento, preferimos esse presente ao presente realizado e completo. Manter uma tarefa em suspenso permite-nos activar o caminho mais percorrido do sofrimento e adiar o início de novos projectos. Adiar uma tarefa evita-nos lidar com o eterno vazio e com a eterna procura de novos projectos. Quando algo é terminado, fica o vazio. Esse fim é entregue ao universo. Despedimo-nos desse projecto. E procuramos outro que nos preencha. Ou deixamo-nos ficar pelo sem-nada. Adiar o desfecho é, entao, uma fuga ao nada que se segue.

Adolescência, que permanece.

Falavam no livro sobre o sentimento de solidao que começava na adolescencia. O sentimento de solidao que existe quando os nossos pensamentos e mundos interiores nao encontram reflexo no mundo exterior. Tanto mais quanto mais rebuscados e mais exóticos forem. Na adolescència pensei profundamente e transversalmente em tudo, desde o Eu, ao Eu no mundo, ao mundo, a tudo. Nao fiz com a minha vida ou com o meu corpo aquilo que era linearmente esperado, e isso separou-me daqueles de quem eu mais gostava e a quem mais bem eu queria. E isso deixa a tatuagem especial de solidao. Facilmente me apanho sentido-me sozinha perante um mar de gente que pensa, sente, faz diferente de mim. Facilmente decido olhar as diferenças e nao os sentires e os raciocínios tao iguais, tao universais que ha no mundo e à minha volta. Por ser tao organizada e cuidadosa nos raciocinios e nos planos internos, é dificil sentir que estou a receber do exterior aquilo de que preciso. É dificil sentir-me completa com a

Beber da Paz

Nao apetece escrever, nem pensar, nem analisar. Apetece deixar surgir ao consciente as cenas aleatórias que vamos deixando mergulhadas anos seguidos. Nao meditar, deixar-se dormitar. Aqui, tudo tem um tempo diferente. Podemos ficar pacificamente a catar-nos tardes inteiras. Para quê correr? O fim da vida é certo. O meio também. Só temos o agora, precioso. E preenchemo-lo voluntariamente de correria. Descer o ritmo da vida. Medir-lhe o pulso. Acalmá-lo. Tudo correrá bem, nada há a temer. Em paz.