Uma quantidade minúscula de tempo é suficiente para realizar uma panóplia de coisas que adiamos e adiamos e adiamos.
Adiamos sem fim, nao pelo tempo real que ocupam, mas pelo tempo mental que dispendemos a acarinhar o presente. Um presente sofrido. Viciados no sofrimento, preferimos o presente sofrido de quem nao completa suas tarefas essenciais. Viciados no sofrimento, preferimos esse presente ao presente realizado e completo.
Manter uma tarefa em suspenso permite-nos activar o caminho mais percorrido do sofrimento e adiar o início de novos projectos. Adiar uma tarefa evita-nos lidar com o eterno vazio e com a eterna procura de novos projectos.
Quando algo é terminado, fica o vazio. Esse fim é entregue ao universo. Despedimo-nos desse projecto. E procuramos outro que nos preencha. Ou deixamo-nos ficar pelo sem-nada.
Adiar o desfecho é, entao, uma fuga ao nada que se segue.
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