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A mostrar mensagens de agosto, 2006

Lamentação do Profeta, Mq 7

A i de mim! Porque me tornei como o resto dos frutos da colheita do Outono, como o que resta depois de feita a víndima! Não há mais uvas para comer, nenhum desses figos temporãos de que tanto gosto. Desapareceram da terra os justos, não há ninguém íntegro. Todos andam à espreita, para derramarem sangue, cada um arma laço ao seu irmão. O mal é que as suas mãos fazem bem: o príncipe exige, o juiz julga por interesse, o grande manifesta abertamente a sua cobiça, e urdem as intrigas. O melhor de entre eles é como um tojo, o mais justo, como uma sebe de espinhos. Chega o dia do teu castigo anunciado pelos teus vigias; agora será a sua confusão. Não confieis no próximo, não ponhais a vossa confiança num amigo; mesmo àquela que dorme nos teus braços não abras a tua boca, porque o filho trata seu pai como louco, a filha levanta-se contra sua mãe, a nora contra a sogra, e os inimigos são os da própria casa. Eu, porém, tenho confiança no Senhor, ponho a minha esperança no Deus da minha salvação;

Amas-me e de vez em quando ganho consciência disso.

Quando leio estes últimos posts fico contente, apesar de revelarem verdadeiro desespero, porque sei que correspondem àquilo que foi verdade sobre mim. E sei também que alguns, que aqui chegarem e, se se dedicarem a tal, se hão de rever nisto. Somos muitos os tristes e agoniados por este planeta fora. Porque muito daquilo que nos rodeia assim nos obriga a ser. Muitas das vezes até esperam que ajamos como pessoas tristes, raivosas e sem auto-estima. Segundo aquilo que me lembro de outros episódios desta novela no início é complicada a habituação, como que um aquecer dos motores. Mas depois, pouco a pouco, a novidade das situações, a alegria que conseguimos naqueles que nos rodeiam e o prazer da pausa vão ficando gravados. Como que um ciclo, de amplitude e força maior. Eu diria, como que os circulos paralelos, com algumas passagens entre eles. Por um lado o do desfruto, por outro lado, como diz Jesus, o circulo do coração fechado. Quanto maior a ligação a um, mais complexa a passagem para

Eu não sou Eu, nem sou Outra.

Perante estas alterações todas sinto dificuldades em voltar a escrever. Estou como que viciada num outro estado de espírito que consigo descrever por habituação, por repetição. Mas meu coração sente-se diferente. Diferente do que foi, diferente do que me rodeia. Eu tenho uma luz, que ilumina as minhas decisões e as minhas atitudes. Converso contigo, que me ajudas, nem sei bem explicar como. É esta força, esta luz, que nos rodeia, que nos faz sentir melhor com uns caminhos do que com outros. Como eu te amo. Eu quero. Eu quero. Eu tenho. Eu tenho. Projectos mantêm-me viva, fazem-me acreditar. Estudar, comprar candeeiro, arrumar o quarto. Amar. A mim, a ti que aqui vens querer saber mais de mim e aos outros que desfrutariam do mesmo que eu. Eu não sou eu nem sou o outro, Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio Que vai de mim para o Outro. (Lisboa, fevereiro de 1914) Mário de Sá-Carneiro
Para ti foi criado sobretudo um mundo de esperança. Quantos pensamentos são em vão, e quantos te trazem bonança? Lá fora chove, cá dentro aquece, enquanto o mundo corre, minha e tua esperança arrefece. Não deixes nunca acabar aquele viver de alegria, que sem saberes te irá deixar esquecer toda a mágoa de um dia. Se um vento chuva traz, outro chuva leva. Quando tudo parece voltar atrás, sê tu quem a sorrir se atreve. A alma dum Verão passado agora te traz agonia, nem sonhas quão bem seria se olhasses bem para o fundo da questão. A visão escurece, as memórias afastam-se; cuidado que é só ilusão só precisas de olhar aquilo que merece. Notas lá no fundo que aquilo que é não passa, descobres depois dum segundo que tu, pela tua simplicidade e particular visão, também não passarás. Caminha para cima que se faz tarde, não recuses sem olfacto aquilo que bom olfacto te traz. Sê quem tu és, oferece-te àquilo que procuras, entrega tua calma a todo aquele que se aventura. Descobr