__Sonoridades_Momentâneas__

A Oração leva-nos para outro mundo, orientados para o Absoluto. Como posso recusar seguir o meu apelo íntimo e deixar-me ficar pelo mundo concreto em prazeres intensos e mundanos, e recusar o apelo ao Outro Mundo? Jesus, é no Teu abraço que me quero consolar. E sei que é pelo Teu abraço que sou consolada. E ainda assim procuro-me em outros mundos, até ficar exausta e desiludida. Nem o poder nem a força pertencem ao mundo mundano. O Infinito Maior que o maior sonho é onde eu poderia querer morar todo o tempo da minha vida. Ainda assim, escolho outros modos e perco-me e dissolvo-me. E a Ti volto.

Entrega completa. Que nao significa abandono ou desprezo pelas partes ou pelo todo deste mundo mundano. O que é a entrega completa a Deus? Fecho os olhos e consigo sentir este Amor de Todo Amor, e consigo sentir-me perfeita e amável. Fecho os olhos e o Universo inominado, o univerdo sem alfas e sem ómegas, abraça-me em amores infinitos, transbordantes e magníficos. E depois? Quando abrimos os olhos e é no mundo mundano que devemos investir e integrar a nossa energia, força, vontade transformadora? Nao gosto desta fragmentação do continuum de vida. Nao gosto da maravilha de um mundo que depois colide com a dureza de outro. Nao gosto do poder transformador de um mundo, que evanesce na crueza e dureza de outro. Eu quero Ser. Quero Ser. Ser Unificada, Ser apenas uma. Tao proxima, tao protegida, tao acarinhada, forte, amada e amável em todo o meu continuum. Eu quero Ser. Existencia plena e concreta. Plenitude no mundo tangente. Rezo para? Rezo Com? Ou deixo-me ser rezada pe

Reunir o universo aos meus pés, pronto para ser digerido e dominado à minha maneira. Há muita coisa dispersa e que nao me faz sentir tao confiante como poderia sentir. Isto traz-me angustia. Tenho varios sitios por onde ler. E varias velocidades e tempos de leitura possiveis. Fico em duvidas com tudo isto. E nao quero repetir a angustia que foi no ano passado, por esta época e por estas razoes. Volto-me para Deus e procuro mais e mais o seu caminho. Comunhao da Vida.

Queria um mundo novo. Queria mergulhar no estudo, levantar os olhos e encontrar um mundo novo para meu regozijo. Os olhos, a alma, a vida, bebem na novidade. Alguns seres precisam mais disso que outros, e eu, conhecendo-me, sei que nao me contento  nem me sacio sem renovação daquilo que me rodeia. E tudo corre bem, bebo feliz. Amo e sou amada. Pertenço e pertencem-me. Universo de novidade.

Aquilo é uma estrada. Que se percorre. Cada nova entrada é um novo passo que alguém adicionou a um caminho. É um caminho sem fim, que podes viajar para a frente ou para trás, até à exaustão. Aquilo é um mundo de movimentos livre, pensados, planeados, ou aleatórios, que ficam alinhados segundo a importância ou segundo a cronologia. Aquilo não corresponde à realidade da qual queres beber, ainda que procures tempos sem fim. Aquilo que dali beberes não foi pensado para saciar a tua sede de vida, de curiosidade, de amor, ou de qualquer outra coisa. Aquilo é um mundo do aleatório alinhado. Alinhado, para que seja apetecível. Deixa esse mundo. Deixa esse alinhamento. Há o teu alinhamento cá fora. Que tu fazes. Com amor para ti e por ti. À tua medida. Para o teu caminho.

Solenemente. "Ser Instrumento do Teu Reino." "Ser conTigo." "Commendo spiritum meum." Para aquilo a que eu seja chamada. Pobremente. Simplesmente. Passo a passo. Quando doer e quando souber a mel. Quando me deixar feliz ou nem tanto. Um falso compromisso, de tão grande que é. Mas, ainda assim, uma verdadeira vontade, plena, unificada, integrada, amadurecida. Uma verdadeira vontade de compromisso, ainda que este seja muito maior que eu e que as minhas forças. Mas que quero sonhar, e que quero tentar. Estás comigo, a mim me proteges. Não me deixes. Marchemos Juntos, imploro.

Disseram-me ontem que toda esta narrativa, de tão cómica, irreal, inusitada deveria ficar por escrito. Para ser lembrada, à gargalhada. Mas seria dedicar tempo a mais a escrever uma vida, que eu quero que seja vivida. No despropósito e na ousadia, e na diversão há espaço para existir. Eu crio espaço para existir. À minha maneira. A vida mudou tão rápida, tão pulsátil, tão fugaz. Olho para trás e delicio-me com todo o bem recebido. A vastidão de pessoas, de diferenças, de mundos, que colidem, que se agridem, que se aninham. Afecto é aquilo de que todos precisamos. Mas é também essa necessidade que escondemos e que protegemos. O mundo lá fora é demasiado vil para lhe mostrarmos tudo, para deixarmos que cheguem a tudo.

Já passou mais uma semana. E o que foi feito? Todo o bem recebido, que se agradece de coração cheio, é útil para o exame que vem lá? Todo o bem recebido. Ajoelho-me, abraço-me. Choro-me. Todo o bem recebido. É útil para o exame? Meu Deus, sem saber, perdida, o que me aproxima da glória para este exame? Sento-me, rezo e quero-Te vindo a mim. Seja a minha vida para a Tua glória.

Consegues tomar decisões que modulam o exterior de acordo com a vontade suprema do interior. E há momentos de dúvida, em que cais. A queda, mais atenta e profunda do que a superficial motivação. E vociferas, e partilhas, e procuras ajuda no exterior. És abençoada com este mundo exterior que, desta vez, não te está a falhar. Mas, bem sabes, só Deus não falha. Todos os outros agem segundo as suas pulsões. Suas almas crescem e regozijam-se com missões diferentes e com vivências diferentes. A experiência da dádiva aos outros não faz sentido em todo o tempo dos seus percursos. Não se pode exigir que se entreguem plenamente a mim.  Quer dizer, posso exigir, mas não quero guardar ressentimentos profundos acerca disso. E ressinto-me e castigo e vingo-me e magoo. Mas perdoo. É o caminho que tenho escolhido para as minhas atitudes, para o meu crescimento, a liberdade das energias, não ficar presa ao ressentimento. Cada vez que alguém nos magoa e que ficamos a pensar nessas

Se me tenta colar a culpa, eu aceito-a.

É proibi do chorar sem aprender, Levantar-se um dia sem saber o que fazer Ter medo de suas lembranças. É proibido não rir dos problemas Não lutar pelo que se quer, Abandonar tudo por medo, Não transformar sonhos em realidade. É proibido não demonstrar amor Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor. É proibido deixar os amigos. Pablo Neruda

Ai... aqueles dias... com meio-cérebro a funcionar... Queria conseguir escrever e descrever o que sinto e nada sai. Mutismo emocional.

Eu vim ao mundo para os outros. É nos outros que escolho me derramar. Pela sua vida, pela sua sede, pela sua procura. É nos outros que me amo, que me conduzo e que existo. E, ainda assim, sou chamada a derramar-me pelos outros num livro. Num texto, em conhecimento. Beber este conhecimento é, verdadeiramente, derramar-me pelos outros.

Não há em mim mais felicidade que tristeza. Nem mais alegria que desmontar de vida. Não há em mim mais vida que morte. Há em mim plenitude, certezas, esperanças. Há tudo em mim.

Adoro ser não-convencional. Não ter categoria onde me incluam, ser não típica.

Ajo como desprezível. Nada faço que enalteça o Deus que em mim existe e que me impele a viver em verdade e em simplicidade. Vive pequeno e simples. Oferece vida e perdão e glória a quem vier a ti. Não te guardas, não te escondas e não te mascares de quem não és. Quero ser quem sou. Hoje sou estudo e trabalho e dedicação. E é aqui que me encontro conTigo e comigo. É aqui que me encontro e o mundo não foge.