Falavam no livro sobre o sentimento de solidao que começava na adolescencia. O sentimento de solidao que existe quando os nossos pensamentos e mundos interiores nao encontram reflexo no mundo exterior. Tanto mais quanto mais rebuscados e mais exóticos forem.
Na adolescència pensei profundamente e transversalmente em tudo, desde o Eu, ao Eu no mundo, ao mundo, a tudo. Nao fiz com a minha vida ou com o meu corpo aquilo que era linearmente esperado, e isso separou-me daqueles de quem eu mais gostava e a quem mais bem eu queria. E isso deixa a tatuagem especial de solidao. Facilmente me apanho sentido-me sozinha perante um mar de gente que pensa, sente, faz diferente de mim. Facilmente decido olhar as diferenças e nao os sentires e os raciocínios tao iguais, tao universais que ha no mundo e à minha volta.
Por ser tao organizada e cuidadosa nos raciocinios e nos planos internos, é dificil sentir que estou a receber do exterior aquilo de que preciso. É dificil sentir-me completa com as pessoas ou as situaçoes que me rodeiam. É dificil permitir que venham a mim. O meu equilibrio vibra e mantém-se tao precariamente que temo que me toquem. Nao me permito gostar, para que nao queiram vir a mim e fazerem exigencias ou mudanças. E nao me permito gostar mais para nao viver a separaçao que vem a seguir à aproximaçao.
Se tenho medo, se me fecho, se nao permito, que outra realidade posso viver para alem desta? Para além deste sentimento de nao fluir a minha vida para os outros e de nao sentir os outros fluirem para mim?
Se eu quisesse o Teu abraço, onde o poderia procurar senao nos braços de almas-irmas?
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