Sao fugazes os momentos nos quais me permito sentir medo do futuro.
Um futuro tao amplo, tao indefinido. Ao inves de sentir possibilidades com a abertura do mundo, sinto medo. E mais uma vez fico presa ao passado, e quero mais do mesmo. Enquanto a vivi, nao foi uma realidade saciante. Mas, enquanto a vivi, foi uma realidade que fui dominando e aprimorando, até sentir conforto estando nela. Fui escolhendo ficar nela até me habituar e até existir real e plenamente nela. Agora que existia em plenitude nela, tal como havia existido em plenitude noutras realidades, sou transposta para outra vida, para outro mundo e outras exigências. Até a dominar e até existir nela em plenitude.
E é isso que temo. O tempo de habituaçao. A luta até à plenitude. Até perceber que nada de importante mudou, que nada de importante me foi retirado. Eu existo como sou em toda a parte e o Deus que me acompanha renova as minhas forças. Eu permito que outros entrem em minha vida e renovem as minhas forças. E quando estiver em equilibrio com a realidade, quando ja nao estiver agarrada a ela, quando nao acreditar mais que é ela a fonte da minha vida, entao a realidade como a conheço sera transformada.
Enquanto nos agarramos a algo, esse algo permanece. Enquanto luto com a minha realidade, enquanto luto por dominá-la, enquanto nao a aceito como palco de plenitude, ela existe e nao muda. Quando sentir a vida a fluir por entre a realidade, a realidade material fluirá tanto como a vida que sentir. Aquilo a que resistes, persiste.
Hoje, que domino este mundo que conheço, hoje que conserto a realidade e que brinco nela, prevendo e revendo seus meandros, a minha alma pede mais. E o mais aparece. Espiral crescente. Novo sitio, novas pessoas, novos habitos e lutas. Novidade. Com um mundo de possibilidades, de sonhos, de hipoteses, mas também com um cadeado nos sonhos do mundo anterior.
As grandes mudanças da minha vida nao fui eu que as escolhi. Foram escolhidas por outros ou pelo universo para mim. Em todas sabia o que queria e conseguia entender e tomar as decisoes, ordenar as prioridades. Em todas as grandes mudanças da minha vida soube o que procurava no mundo. É algo que conseguia (e que consigo) trazer ao consciente, mas que, ainda assim, colidia aparentemente com os sentimentos que apareceram. Para sentirmos algo, devemos abrir mao de um mundo de coisas e de sentimentos. Para que a nossa alma cresça e tenha a experiencia de uma serie de coisas novas, temos que nao sentir as coisas antigas. E nao ha outra maneira de sentir que é real uma possibilidade estando a viver outra.
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