Se o vento me levasse, como se pétala eu fosse, não seria a sombra na fotografia. Se meu vento como pétala me abraçasse, na foto, na sombra, no chão duro e real, ver-se-iam minhas asas e não meus ombros. Os ombros que pesam, os ombros que cansam, os ombros que caem. As asas! As asas trariam o leve, o voar, o adeus ao chão. Tudo o que não tenho traria toda uma realidade que não sou. Sou-me. Sentada. Sem vento e sem asas. Real, no chão, na relva, no cansaço. Se asas houvesse, ao vento disponíveis, a vida não seria tangível e eu não seria eu.