O buraco da aranha, que não se deixava comer, era grande e tecido, com fios de seda e de amor. Se o buraco fosse maior, mesmo que não acessível, será mais apetecível. Ou talvez não. O buraco da aranha, que não se deixava ver (mas que comia) estava no cimo do monte, na casaca da árvore, à vista de quem por lá ia. Ou talvez não. O buraco da casa da aranha era maior do que ela o queria. Por excesso de uso ou por monotonia, a casa ia abaixo e o que estava la dentro não mais se via. Ou talvez não. Se se visse o que por lá dentro ia, com medo se fugiria. Tanto temor, tanta clemência (e falta de paciência) assustou o rapaz, montado em sabe Deus o quê, pegou nas patinhas e fugiu. E o buraco da aranha, pergunta você? O buraco da aranha. Esse, pobre coitado. De todos e de nenhum, pobre donzela sem fios de seda nem de amor para sua casa tecer, repousa, feita moribunda, por entre fios descavacados à espera de menos entraves.