__Sonoridades_Momentâneas__

Estou tão aflita que nem sei se chorar é possível.

Uma vontade imensa de pertencer ao tudo de tudo, de me dissolver e fundir com o mundo. Uma vontade imensa de sonhar, de ser mais, de ser. Uma vontade do imenso. Fechar os olhos, rezar, deixar-se levar. Olha para mim, que aqui estou. Fazes-me falta.

E mesmo quando não apetece. E mesmo quando o corpo pede para que não haja mais. Temos que continuar. Temos que continuar.

Achas que já estou cansada? Isto é cansaço? É isto? Vou dormir. Onde estão?

Quero que fique claro que não sou contra flirts quando se é comprometido. Acho só que se deve ter consciência do que se tem perante nós. Flirts é bom. Coloca-nos no lugar onde pertencemos. Ter a certeza que somos o que somos.

Não escrever, mata-me. Escrever ciência, mata-me. Estou não-estou, dude.

Se fosse possível unir o mundo para ti e para mim seria bonito de se ver, não seria? Não me deixes a rastejar. Não fiques tu a sofrer. O tempo há-de curar as nossas insuficiências e os nossos sentimentos de vazio e de carência. Avancemos, em paz. Connosco e com o mundo. O que achas?

Castigo-me por te querer tanto. Castigo-me por querer tanto e tão bem quem não me quer nada. O que sinto, é castigo. Trato-me como se merecesse o pior que conheço. E cumpro castigos gloriosamente, com tanto brio como quando faço coisas bem. Não como, não saio, não avanço. Prendo-me e não me mexo. Quietifico-me e espero. Filtras a minha presença na tua vida. Escolhes o modo como posso actuar no teu palco. E elogias. E contas-me. E trazes-me de volta à tua praça. Acaba o show, segues teu caminho. E impedes-me de entrar e de existir. E eu? Então, e eu? Onde fico? Como fico? Com quem fico? Fico, sequer? Magnifica, gloriosa, mas onde?

Não há sinais escondidos. Não há mentiras piedosas. Não há hipóteses não consideradas. Aquilo que vês é aquilo que é. Pára de pensar, de querer, de imaginar. Já deste, falaste, imitaste, modulaste, emitiste todos os sinais não explícitos que conheces. A mensagem chegou, sem deturpações. Queres. Queres. Queres. Amas como a ti mesma. Amas como se não houvesse mais. Amas como o foste. E porque não desistes? Tanto no mundo! Tanto por viver, por ver, por sentir, saborear, passear, entregar, possuir. Tanto. Qualquer correspondido é melhor que o melhor não-correspondido, não?

Quero parar. Quero descansar. Quero conceder-me o direito de chorar, agora que não tenho mais medo de mim. Raramente conseguimos o que queremos. Acordamos, erguemo-nos e avaliamos se ainda queremos o mesmo. It's ok to let go.

Adoro dormir. Adoro rir. Adoro conversar. Adoro estar apaixonada. Adoro sofrer por amor, adoro amar sem retribuição, adoro sentir que deslumbro. Adoro música puntz puntz aos berros. Adoro o meu trabalho. Adoro pessoas sensíveis. Adoro pessoas em geral. Adoro conquistar e ser conquistada.

Juro que me apetece chorar. A solidão mata. Mas ainda pior que isso é o cansaço. É o ciclo de esforço e esforço e esforço a que um dia se diz "basta". E descobre-se que, afinal, "és tu que eu quero". E nesta vida movemo-nos em direcção a tudo e mais alguma coisa, mas não sabemos bem para onde vamos. E hoje estou cansada. E não faças de coitadinho, porque também sinto falta de companhia. Sinto falta de desafios. E sinto a vida a mudar, e não estava preparada. Estou quase a deixar de ser aluna. Estou quase a mudar de casa por uns tempos. Estou quase a uma montanha de coisas que me deixa doida doida doida. A vida muda e devemos estar preparados para isso. Quem melhor se prepara, melhor vive nisso. E eu vivo a dormir. Posso ir dormir mais? Estou sozinha. Posso ir dormir mais?