Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2006

Perfume de Mulher

Não consegui. Apesar de toda a determinação que se veio instalando em mim esta semana para arrumar perfeitamente o meu quarto. E aquele embrulho ficou. Deitei tudo o mais que ali estava fora, mas aquele embrulho ficou. Chegaste ao pé de mim. Mal nos conhecíamos. Não sabia onde é que iriamos parar, nem onde aquele "namoro" gracioso nos levaria. E estendeste-me o embrulhinho, azul turquesa, com um laço enorme e um anjo pendurado. Quero guardar isto, esta sensação, esta magia do Natal. Receber uma prenda graciosa, uma verdadeira surpresa. Quando pensamos que não temos importância, não será isto o Natal? Ofereceres sem saberes o que eu pensava de ti, apenas sabendo que me ias surpreender? Nem sei exactamente como descrever. Foi tudo tão bonito, tão rápido, tão celeste. Olhando para trás até me parece que não durou mais do que um eclipse de tempo, um fugaz momento de companhia, de amor gratuito. O frasco de perfume 'Dior Addict' continua a ser o meu favorito, o meu protegi...

Jorge de Capadócia

"Jorge sentou praça na cavalaria eu estou feliz porque eu também sou da sua companhia (2x) Eu estou vestido com as roupas e as armas de Jorge Para que meus inimigos tenham maõs e não me toquem Para que meus inimigos tenham pés e não me alcacem Para que meus inimigos tenham olhos e não me vejao E nem mesmo o pensamento eles possam ter para me fazeram mal Armas de fogo meu corpo não alcançarão Facas e espadas se quebrem sem o meu corpo tocar Cordas e corentes se arrebentem sem o meu corpo amarrar Pois eu estou vestido com as roupas e as armas de jorge Jorge é de capadócia" Caetano Veloso Composição: Jorge Ben Diz a lenda que Jorge, guerreiro vindo da Capadócia, Turquia, teria salvo uma princesa das garras de um terrível dragão. Jorge, com sua espada, domou o dragão, que a princesa conduziu de volta a seu povoado como um manso cordeirinho. O misterioso cavaleiro disse ter vindo em ...

Adaptar-se à Mediocridade?

«26 de Setembro Ontem, ao receber a tua carta, lembrei-me do nosso último passeio nos bosques que rodeiam a casa. Tive de insistir, lembras-te? Tu terias preferido ficar sentada na relva. "Estou triste", dizias, "sinto-me cansada de mais para dar um passo." Mesmo assim, saímos. Para uma simples conversa, a relva ou uma poltrona servem perfeitamente, mas, se os pensamentos são muitos e as emoções ainda mais, mais vale caminhar. Caminhar ajuda-nos a ver tudo mais claro, a sentir com maior nitidez. O ar ainda estava fresco, os campos estavam verdes, cheios de flores, os ramos dos castanheiros já começavam a florir. Caminhámos durante algum tempo de silêncio, mas, mal chegámos à sombra do bosque, paraste e soltaste um suspiro. "Já não aguento mais." Olhaste em redor com um ar confuso. "Mas que sentido tem tudo isto?"» "O Fogo e o Vento" Susana Tamaro Ontem à noite, no meio da minha confusão (que veio apoderar-se da clareza de ideias) depare...
Estou tão triste. Há uma série de coisas que não compreendo. Estou a esforçar-me, imenso, mas não as percebo. O que deveria ser feito? O Amor é paciente, o Amor é compassivo. O Amor não julga, não se enfeitiça. Acredita na felicidade. Eu quero ser Amor. Eu sou amor. Beijinhos para ti. Que nem sabes nem sonhas de tudo isto. Mas certamente que o sentes.

Assalto à Vida

Começo a sentir calhar uma inevitável força sobre meu coração. Uma força que desafia meus conceitos, que desafia aquilo que penso de mim, do resto, dos outros. Surge do lado do nenhum e segue, sempre em frente, fuzilando aquilo que eu possa ter desenhado. Estou sendo convidada a redesenhar-me, outra e outra vez, continuamente. Eu quero. Mas não assim, não tão drasticamente. Sou menina de pequenos passos, de confiança, de meditação, de certezas. Eu amo dar passos, mesmo que a correr. Ajudem-se. Os meus conceitos estão sendo postos à prova e estou a alterá-los. Ajudem-me.

Serendipista

Serendipista significa «relativo a serendipidade ou pessoa dotada desse dom». Por sua vez, serendipidade (aportuguesamento da palavra inglesa "serendipity") é «aptidão, faculdade ou dom de atrair o acontecimento de coisas felizes ou úteis, ou de descobri-las por acaso» e (derivação por metonímia) «cada uma dessas coisas felizes ou úteis». in Dicionário Houaiss Eletrônico
Tirem-me a vista. Tirem-me para sempre a luz de Lisboa, tirem-me as encostas do Douro, o Tejo e o Alentejo, tirem-me a calçada dos passeios e os azulejos da parede. Tirem-me o ouvido. Tirem-me para sempre o choro da guitarra e o pranto do fadista, tirem-me os pregões das mulheres do bulhão e a pronúncia de norte a sul, tirem-me a fúria de espuma das ondas e o grito do golo. Tirem-me o tacto. Tirem-me para sempre o sol de Inverno a bater na cara, tirem-me o barro a ganhar forma entre os dedos, tirem-me o rosto queimado da minha mãe e a mão áspera do meu pai. Tirem-me tudo isto, mas não me tirem o gosto. Porque se eu ainda for capaz de saborear a alheira a rebentar de sabor, ou o bacalhau com todos a nadar em azeite, serei capaz de dizer, se não me tirarem a fala, que estou em Portugal.