Acordei de um sonho, não me lembro exactamente qual, a televisão aos berros, tal como a tinha deixado. Estava a ver televisão, um momento agradável. Deixei-me ir, sumptuosamente deixei-me ir. Progressivamente, num misto de realidade e de sonho. Que delícia. Estiveste aqui, nos meus braços, eu nos teus, amor, ternura, compreensão. Foste embora, tudo ficou igual, fui apenas buscar a mantinha para me tapar. Ui. Deixei-me ir. Dormi profundamente como se nada mais interessasse. E nada mais interessava. Acho que isto é tudo síndrome pós-stress. O meu coração descansou. A minha mente descansou. Tudo o mais pôde esperar por mim. Faltava-me ver que efectivamente o meu mundo continuava a girar sem mim. Apesar das peruas acharem que não. O meu stress é sobretudo isso. Excesso de pessoas que me fazem acreditar que dependem de mim. Mas hoje dormi a folga sem pensar nisso, sem sentir isso. Acordei. Baixei o volume da televisão. Fiquei a olhar pela janela. Já o dia tinha escurecido. No prédio da fren...