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Sem rumo. Com O rumo.

Escorres-me pela cara. Como uma lágrima que quero conter, que não quero mostrar, que quero saborear comigo.
E trespassas o coração. Lágrima que lava pelo passar a amizade, a confiança e a persistência de querer para ti o que quero para mim. Não julgues que sou ruim, não julgues que sou má, egoista, pretensiosa. Sou-me, desde que me lembro. Sou os ouvidos que ouvem, sou o sentimento que sente, a alma que vive, a lágrima que cai e a opinião que não posso conter.
Não me peças para amar sem me dar. Não me peças para amar sem rumo, sem sim, sem não. Ou melhor, não peças nada. Segue, vai! Adeus!
Liberta-me de ter que me conter e ver teus olhos brilharem com fantochadas inconscientes da tua cabeça. Deixa-me sossegada. Se não queres, eu quero-me e gosto-me e ouço-me.
Nem sempre queremos ver, nem sempre queremos que não nos vejam. Conflitos de rumos.

Meu rumo é sentir-te escorrer pela cara, como quem cai do brinquedo. Meu rumo é ver-te trespassar-me. Meu rumo é deixar-te rebolar pelas mãos nuas e pecaminosas. Meu rumo agora é o adeus.

Comentários

  1. Deus é amor. Alegra-te! Deus ama-te. Deixa-te guiar por Ele.
    "Graças Pai por todas as coisas. Eu confio em Ti."

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  2. =)
    Deus está sempre no meu coração. Por isso ouso denunciar o que me deixa triste. somente para poder depois alegrar-me com esta minha vida.

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