Avançar para o conteúdo principal

O que é a tourada?



O que é a tourada?

A tourada é um espectáculo.
É uma reunião de pessoas que se regozijam por motivos diversos com tal momento.
É nutrida por um envolvimento semelhante ao da caça.
Acho que não tem grande merchandising em seu redor.
Está rodeada de preceitos e de manias e de superstições noticiáveis, que todos cumprem e ninguém entende.
É o fim de muito trabalho de treino do touro e do cavalo (quando envolve cavalos).
Tem parecências com a prática antiga dos gladiadores.
É uma competição entre os da mesma classe. E entre aqueles com o mesmo gabarito. Sem júri, sem pontuação.
Quem gosta sente prestígio por gostar. "Orgulho da tourada".

Fui objectiva. Escrevi tudo o que sei. E de tudo o que sei não consigo ver onde está o mal objectivo de tal prática. Tenho que desenvolver as minhas aptidões objectivas. Mesmo que o doente bêbado, gordo, impotente, fumador, mórbil diga o que não estamos prontas para ouvir =), devo manter a objectividade. Suster as náuseas. Suster todas as memórias de comentários. Todas as atitudes deprimentes e todos os medos. Devo ser objectiva.

Tourada, muito objectivamente, é o acto de tourear o touro.
É o momento em que colocamos a besta à nossa frente. E, com muita objectividade, sem receio e com a nossa vida a depender daquilo, desafiamos aquela coisa a ser orgulhosa, forte, irritada e incondescendente (no fundo, a ser uma granda besta). Tudo isto para que no final do "espectáculo" consigamos provar que a inteligência, a coragem, as superstições merecem a pena.
Toda esta treta de toureação reveste-se, depois, de fintas, de manipulações, de joguinhos do "agora não, só quando me apetecer e para aquilo que me apetecer". Quer dizer, o toureador é treinado para os meandros, para os floreados e o touro para a clareza.
Se faltar a objectivação, a certeza, a sinceridade. Hum. Às vezes morre-se na arena, né mesmo?


Resta-me decidir o que faço aos cornos.
O toureador pratica com cornos macios. Quando são farpeados, pia fino. Não fui educada para aturar touros. Não suporto gozar com bestas. Mas sou toureira até morrer. Resta-me decidir o que fazer com os cornos.
O touro. Esse, morre na arena. Para delícia dos espectadores.

Comentários

  1. Hum. Acho que falta salientar que a tourada real, não posso com ela, não vejo, não ouço, não sei.
    Não suporto.

    Tenho dito.

    ResponderEliminar
  2. pensei sinceramente que este blog se escapasse do facilitismo que é dizer mal das touradas.

    parece que é da moda ser troglodita e apelidar os outros de criminosos.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

O Primeiro Amor - Miguel Esteves Cardoso

É fácil saber se um amor é o primeiro amor ou não. Se admite que possa ser o primeiro, é porque não é, o primeiro amor só pode parecer o último amor. É o único amor, o máximo amor, o irrepetível e incrível e antes morrer que ter outro amor. Não há outro amor. O primeiro amor ocupa o amor todo. Miguel Esteves Cardoso – Os Meus Problemas (1988)

Avolia - Porque sonhar às vezes custa

Está mais do que visto, na minha vida, que este expôr e re-expôr que se deve fazer O QUE APETECE não é à medida do meu mundo. Estas últimas semanas de avolia foram o expoente disso. Há estadios intermédios nos quais o que apetece é o nada. E o nada, agora, não me leva onde eu quero. Quando me concentro com muita muita força, re-sinto como sendo meus aqueles projectos, sonhos, devaneios nos quais já não acreditava. Não acreditar. Não apetecer. Clinicamente, chamamos-lhes desesperança e avolia . Caracterizam, entre outros, o estado de não-querer-ser . Não-se-querer-conhecer-no-expoente-máximo . Mesmo havendo réstias do querer, não conseguir. É o não ver razões para. Então, aquilo que apetece fica-se pelo medíocre . E depois fica-se pelo nada . E ir atrás do que apetece é menos do que o óptimo. Por isso, nem tudo nem nada. Vejo, agora, que é importante haver planos e disciplina. Vejo, agora, que é importante manter-se efectivado a directivas a cumprir. Mesmo que não apeteça, houve um dia

Vontade de Morrer

Tenho vontade de morrer. Última vontade de desaparecer no mundo. Fusão com o Outro, que corre além de mim. Ser aquilo que sou em suspiro. Suspirar, e ser já, antes da prova, aquilo que sou. Vontade de morrer para, ultimamente, ser. Não ser arrastada ou obrigada ou limitada. Ser. Igual a mim, no infinito. Sem lágrimas, sem dor, sem sofrimentos. Ser. Com o Tudo de Tudo, no mundo do infinito sem igual. Morrer para ser.

Que nunca ninguém diga a outro que não é capaz!

"Que nunca ninguém diga a outro que não é capaz. Que nunca diga o que pode ou não pode fazer, do que é ou não é capaz. Ninguém sabe o que vai dentro das paredes, ninguém sabe o que corre nas artérias, a que velocidade, com que fúria, com que dor. Ninguém sabe nada senão de si mesmo, e muito bom é quando se sabe de si mesmo, quanto mais pensar saber dos outros. Impor limites ao seu semelhante é est ender-lhe dores e frustrações próprias, é projectar nos outros os nossos próprios receios, é achar que se eu não consigo, se eu tenho este problema, então também tu, por muito que queiras, os terás. Se eu não sou capaz, tu também não. Se a mim custa, a ti custará mil. Tristes profecias. Todas de desgraça. A experiência não é transmissível. Sabe quem vive. Sabe de si. A experiência dos outros é outra vida. Não é a nossa."

mais Amar e Servir

Jesus, será que a minha vida é orientada para Ti? Para mais Te amar e servir? Ao serviço de quem amo? Ao serviço da humanidade que acarinho? Aquilo que faço é para o meu ego, para o dinheiro, para a vida rica e com pouco trabalho? Ou aquilo que faço é orientado para Ti? Eu amo a vida. Eu amo sentir que estou Orientada para e por Ti. E perco-me. E sorrio no mundo leve e célere e pressionante e que quer sempre mais. Eu quero mais e mais. E não olho para quem sou. E a Ti regresso. Contigo me sento. A Ti entrego o meu dia. Para mais Te amar e servir.

Recomeça se puderes

Sísifo Recomeça... Se puderes Sem angústia E sem pressa. E os passos que deres, Nesse caminho duro Do futuro Dá-os em liberdade. Enquanto não alcances Não descanses. De nenhum fruto queiras só metade. E, nunca saciado, Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar. Sempre a sonhar e vendo O logro da aventura. És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura Onde, com lucidez, te reconheças... Miguel Torga  TORGA, M., Diário XIII.

Princípio e Fundamento. A Indiferença Inaciana.

“ O homem foi criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor, e assim salvar a sua alma; e as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o Homem, para que o ajudem a conseguir o fim para que é criado. Donde se segue que há de usar delas tanto quanto o ajudem a atingir o seu fim e há de privar-se delas tanto quanto dele o afastem.  Pelo que é necessário tornar-nos indiferentes a respeito de todas as coisas criadas em tudo aquilo que depende da escolha do nosso livre-arbítrio, e não lhe é proibido.” in Princípio e Fundamento, Santo Inácio de Loyola A indiferença Inaciana não convida ao desapego como finalidade, mas à direcção dos nossos apegos, conforme nos aproximam ou afastam de Deus. O que me inquieta? O que me traz paz?  O que identifico que vem do mundo? E o que vem de Deus?  O que me frustra? O que me realiza? O ser interior superficial é sempre mais ruidoso e exigente, está ao nível dos nossos desejos mais imediatos e que atrapalham m