Era uma vez, uma menina muito linda. Que era lindo lá dentro dela. Tinha coisas maravilhosas, de que se orgulhava muito, mas que tinham pouquinho de maravilhoso no mundo que a rodeava.
Então, como a menina durante estes anos todos deu e ofereceu muitas prendas das lojas, que nem sempre agradavam aos brindados, e como a menina andava (antes) muito azafamada com todas as compras, num belo ano em que ela se recolocou no centro da sua vida (tipo jogar ao bilhar e enxotar o personagem proncipal), a menina decidiu que este ano não havia prendas reais para ninguém.
Afinal, a menina fazia em todos os momentos o que S. Paulo explicou como "Ama e di-lo com a tua vida". Mas a menina muito linda ainda não se tinha apercebido disso. Porque ainda não tinha reflectido acerca de toda a entrega, genorosidade, perdão e bondade que concedia ao seu centro. Mas era o que ela fazia. Amava e dizia-o com a sua vida. Em tudo o que direccionava, colocava um bocadinho de si. A isto se chama dedicação. E também sinceridade.
Mas a menina linda também dava alfinetadas. E que grandes alfinetadas. Uma vez, a menina linda chateou-se muito muito e escreveu publicamente todo o lixo que acumulou. Menos mal. Todo o lixo cabia num par de frases. Não há mais lixo do que isso.
E então, a menina muito linda sentiu que a si própria ela podia oferecer, sem ressentimento.
A menina muito linda, neste Natal 08, não ofereceu nenhuma prenda (ou talvez só uma, como prolongamento do que sentia) porque decidiu oferecer-se a si próprio aos demais. No fundo, aqueles que desejam prendas nossas são aqueles que apreciam a nosa companhia e que sentem que, assim, nos podem relembrar positivamente pelos tempos vindouros (quando as prendas são maravilhosas).
Fez sentido no cérebro de minhoca da menina muito linda, neste Natal 08, oferecer-se a si próprio.
Então, sentada numa cadeira, sendo-lhe concedido um momento de silêncio automático no caos dos presentes (presentes e presentes), de tótó (ao contrario do personagem tótó, este era um tótó positivo e agradável) no cabelo, a menina muito linda, com um molhadinho no cantinho do olho, declamou:
"- Neste Natal, não comprei prendas para ninguém. Decidi que eu é que era a prenda. (gargalhadas, porque perceberam o porquê da fita de prenda no cabelo da menina muito linda) Porque eu esforço-me para que se sintam bem, para ser uma boa menina, para vos deixar orgulhosos, para vos ajudar, bos sentir bem e para essas coisas todas."
Hum. A menina linda é um tótó. E uma palhaça. E abana-se toda. E anda com uma Barbie no bolso do casaco. E adora pôr-se às cavalitas. E fazer cócegas. E dizer que a avó gorda está grávida do menino Jesus do ano que vem. A menina linda é uma tótó. Mas quem fica a perder, já se sabe, não é ela. Porque ela é feliz assim. E ela é a prenda. Nem saberia ela ser de outra maneira, porque, depois de tantos anos de Amor Gratuito e Incondicional, a menina acordou do transe e viu que andava a amar. E a dar a sua vida, o seu tempo, a sua luz, o seu sorriso, o seu abraço, os seus beijinhos, como prolongamento do que sentia.
Havia também as alfinetadas. Mas isso é outra história.
Um beijinho para a menina linda.. :-)
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