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Porto de abrigo. Com novas políticas.


"A primeira vez que me ouvi dizer isto, a minha orelha interior deu sinal ao ouvir a palavra albergar, que é um verbo, mas que também remete para o substantivo albergue.


Um albergue é um lugar de refúgio, uma espécie de porto de abrigo. Imaginei então o porto de abrigo da minha mente: talvez um pouco abatido, um pouco desgastado pelas tempestades, mas bem situado e com boa profundidade.

O porto da minha mente é uma baía aberta, o único acesso à ilha do meu eu (que é uma ilha jovem e vulcânica, mas fértil e promissora). Esta ilha já passou por algumas guerras, é verdade, mas está agora empenhada na paz sob o governo de um novo líder (eu) que instituiu novas políticas para proteger o lugar.


E agora - vamos propagar isto aos sete mares - há leis muito, mas muito mais rigorosas sobre quem pode entrar nesse porto. Ele não voltará a albergar pessoas com pensamentos escravos, navios de pensamentos em guerra. Todos eles verão recusada a sua entrada. Da mesma forma, quaisquer pensamentos que estejam cheios de exilados furiosos ou famintos, de descontentes e panfletários, amotinados e assassinos violentos, protitutas desesperadas, proxenetas e clandestinos sediciosos verão igualmente recusada a sua entrada. O mesmo se aplica a canibais, por razões óbvias. até mesmo os missionários serão cuidadosamente revistados em busca de sinceridade. este é um porto pacífico, a entrada para uma linda e orgulhosa ilha que está agora a começar a cultivar a tranquilidade.


Se conseguirem viver de acordo com estas novas leis, meus queridos pensamentos, então serão bem-vindos à minha mente. Caso contrário, enviar-vos-ei a todos de volta ao mar de onde vieram.


É esta a minha missão e nunca acabará."

in Comer, Orar, Amar

Elizabeth Gilbert



Se, no presente, quando olhas para mim, me consegues descrever em plena consciência como "atrasada mental", então é porque não vês a glória da fénix, que renasce da cinza igual a si própria. Sem capuzes, sem prisões e sem pretensões. A fénix revestida de luz, que guarda para si o que a si lhe é devido.


Se não consegues ver a concordância entre os meus passos térreos e o facto de que "escreves coisas bonitas", então é porque "Tiveste a tua oportunidade e desperdiçaste-a; agora.. olha!".

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