Apetece-me chorar.
E choro.
Havia já muito tempo que eu não chorava este choro de consolação.
Eu estou comigo.
Tenho depositado muito de mim. E, no meu coração (do tipo pressentimento) a confiança que aquilo tudo em que eu me empenhei naquela carta grande (com formato de um livro, com capa de cartão forrada de feltro e decorações) ser-me-á devolvido.
Eu sinto a grandiosidade que depositei nele. Ele é importante de uma forma inexplicável e eu amo a Deus por ter tido isso. Ganho cognição disso. Disso que sinto em meu coração.
Eu precisava de ter feito aquilo. Eu precisava de ter sido ousada. Sentia que era capaz. Eu tenho coragem. Eu tenho coragem. E não é no plano teórico, ou na minha imaginação, é nas coisas que concretizo. Já estou a concretizar-me já 1 mês, na graça de Deus. Estou em gratidão. Estou em gratidão.
Tudo o que faço, será retribuído. Será retribuído sem esforço por parte dos demais. Porque também o que eu dei foi sem esforço.
Eu sinto-me abençoada.
Sinto-me, como dizia a querida Denise, "em Estado de Graça". Estive muitos anos a dormir. E agora dou-me. Dou-me, dou-me, dou-me. Quanto mais me usarem, mais gratificante será.
Sinto que, de tudo isto, há muito pouco que queira para mim. Os meus sonhos passam tanto mais pelo estado do Ser do que pelo estado do ter. Eu quero dar-me, sem fim, por causas proveitosas, para amar sem fim, sem tédio, sem que os outros se enjoem de mim.
Ninguém deveria nunca causar enjoos nos demais. É muito feio alguém deixar outra pessoa estar ao seu lado estando enjoado dela. Não quero mais isso, nem para mim, nem para os demais.
Choro quando me lembro que tudo me será grandiosamente retribuído. O sonho de virmos a ser colegas de trabalho é magnífico.
Choro de charme. Choro a sorrir. Estou sozinha em casa e sinto-me livre. O Chinchilo está feliz e adora-me. Adora-me, mas também amua comigo.
Aquele texto está lindo. Aquele texto é um hino à vida sincera. É um hino ao Deus que mora em nós, que trabalha em nós e nos faz chegar tão próximos dos outros.
Choro. Choro quando me lembro de mim sem forças para fazer a minha cama, desesperada pelo abandono. Abandono de alguém que não me usou tanto como eu queria ser usada. ahiém que não se aproveitou de mim naquilo a que mais gosto de me dedicar. Abandono de alguém que exigiu que musculasse posições de mim que, aos meus olhos, não são tão gratificantes ou produtivas como outras. Alguém que me amou mas que, mesmo assim, me abandonou.
"Tiveste a tua oportunidade e desperdiçaste-a; agora... olha!" Não fui corajosa o suficiente para, na altura, me apresentar magnífica como sou. Tive a minha oportunidade e desperdicei-a. Tive oportunidade de ser, para teu mal, mais eu e desperdicei-a. Mas não faz mal.
Tenho 21anos. Tenho 21anos e estou em reciclagem. Tenho 21anos, sou um doce recheado de uma substância melosa, estaladiça q.b. por fora e decorada com pepitas de ousadia.
Reveste-me Senhor, tanto mais quantos menos houver ao meu redor, de coragem, de paixão, de intensidade, de intrepidez. Reveste-me de coragem. (que foi também aquilo que Jesus viveu e o tornou tão distinto) e amor-próprio. Eu, que sou toda Tua, que para mim pouco procuro.
Faz-me chorar. Dá-me uso naquilo que me é inato e fácil ser. O mundo precisa de pessoas felizes. E vaidosas, com a sensação de que fazem as suas coisas perfeitamente.
Um feliz e vaidoso durante uma vida inteira consegue, quase em efeito pirâmide, gerar muitos felizes e vaidosos. Pouco procuro para mim. Ama-me como eu sou. Como eu sou sem esforços para ser, sem esforços para corresponder.
Dá-me o meu lugar para existir. Pode até vir embrulhado, eu não me importo de continuar à procura, mas dá-mo, diz-me que existe. Faz-me sentir, como sinto agora, que posso ser Eu, sem medos. Amo-me, por aquilo que consigo pelos outros. E amo-os. Porque estão ao meu lado e me ajudam, consciente ou inconscientemente.
O sofrimento existe. Mas também existe a gratidão e a paixão e muitos passam anos sem a sentir nas suas vidas. Permite-ser ser ao lado deles.
Porque hoje choro e sinto que tudo o que depositei ser-me-á devolvido. Não hoje, não amanhã, mas num outro dia.
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