É preciso muita dignidade para se saber dizer que não. Quer se preze a pessoa ou não.
É precisa muita sabedoria de parte a parte para se conseguir dizer que não e se ser compreendido.
Dizer que não é muitíssimo nobre. Pode revelar que se compreendeu aquilo que se sente para além do óbvio no profundo de nós mesmos. Mesmo que o profundo seja completamente simples, linear ou relacionado com aspectos práticos. Pode revelar eventualmente que se confia que o outro vá compreender, empatizar, amar o nosso uso consciente de liberdade.
Saber dizer não pressupõe ter-se mais certezas do que se faz do que ao dizer-se que sim.
É preciso saber para se dizer não.
Dizer não pode ser a revelação vivida do amor que o outro tem por nós, analisar a sua reacção, pô-lo à prova, com gentileza e subtileza, fazendo uso da nossa autoridade e sabedoria de dizer não.
Dizia aquele meu querido livro que "O outro ama-nos na medida em que quer para nós próprios aquilo que nós queremos para nós próprios".
E garanto que em tudo o que fiz não me tentei ajustar aos teus desejos, mas aos meus, salvaguardando sempre a tua liberdade (que te move e te faz feliz - como poderia eu aceitar restringi-la??), no modo ajustado de colegas de trabalho.
Terias precisado de sabedoria para dizer não, ofereci-te essa oportunidade.
E de falta de convicção para dizer que sim.
Assim, não disseste nada, não conseguindo eu ver nisso respeito pela pessoa digna que sempre fui.
Não passas a ser menos maravilhoso por toda a sopa que ocorre no meu âmago.
Mas, dentro de ti, como é que lidas com isso?
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