Custa muito estar-se sozinho. Custa muito não se ser muito validado no exterior de nós. Somos treinados para isso, para desempenhar altamente bem as nossas competências inerentes (há quem chame dom do Espírito Santo).
Mas em tudo isto há o pressuposto de que estamos rodeados do mundo. Rodeados de um mundo que bebe de nós aquilo que podemos oferecer com bondade e amor. Isto em pressuposto, isto em sonho.
E não corre assim sempre. Aliás, há poucas pessoas que se sente actualmente plenamente inseridas num "grupo". Que possam sentir que são, perante esse bocadinho de mundo, bemvidas sempre, de qualquer modo que se apresentem, com qualquer ideia na qual confiem.
Quando somos acarinhados de verdade pelos nossos, quando há confiança e respeito pelos raciocínios que completamos (por mais complexos, rebuscados ou improváveis que sejam), sentimo-nos aptos a viver mais e mais. E essa sensação de sermos aptos a andar pelo mundo, de cara lavada, sendo cada qual como cada qual, é poderosa. É o poder em si. É a capacidade de sermos criativos e inovadores sem receios de desadequação, porque aprendemos que isso não existe.
E isto, tão simples que é, tão basicamente necessário que é, não existe em muitas das nossas pessoas.
Vejo (agora que me reconstruí) grandes amigas minhas a demabularem pelo seu (e pelo meu também), aparentemente mergulhadas em felicidade e em "tudo corre bem", mas depois, sei e sinto que não sabem como poderiam melhorar a forma como se sentem. Não se sentem bem e não o sabem. Não são felizes e não o sabem. Não sonham e por isso retiram toda a hipótese de se sentirem realizadas. Estas minhas grandes amigas já não gostam de estar com pessoas fora do "grupo" delas. Porque seria inadequado. Porque já é muitas pessoas. Porque não teriam tempo. E assim insistimos em propagar um bocadinho de qualquer coisa.
São 5h da manhã. Acho que tenho sono, mas hoje já dormi 14h, daquelas profundas profundas profundas. Tive alguns dias a dormir apenas 2h. E outros a não dormir. E no Sábado, decidi dormir 2h e dormi 4h. E por isso cheguei 1h atrasada ao exame prático que ia ter. Há todo um mundo à minha volta que me agrada e que agradece que eu exista tanto mais do que estar a horas neste exame.
Um anjo acordou-me. Um anjo estava preocupado. Um anjo que está a destilar, a apurar o melhor que há nele, com um quanto de sacrifício, tornar-se concentrado de anjo e eu à periferia, viver para o mundo que até nem me abraça assim tanto.
São lágrimas aquilo que há na minha cara, nos meus olhos, em mim. "E é amar-te assim, perdidamente...". Tudo o que sinto. Que hoje, que tenho para pensar, para rezar, para me deixar acomodar, sentada 2h à secretária, pode ser expresso em frases.
Deixa-me ser prova que é possível confiar em alguém. Deixa-te confiar em alguém. Deixa essa pessoa amar-se mais ainda porque confias nela. Amar e dizê-lo com a sua vida.
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