Durmo sobressaltada.
As paredes fecham-se sobre mim, oprimem-me.
Aquilo que é esperado de mim desordena-me, limita-me.
Não gosto que esperem de mim. Que confiem em mim.
Juro que às vezes preferia ser sempre a péssima, de quem nada se espera, escondida em si mesma.
Em grandes missões, em grandes apostas, em grandes vivências, dissolvo-me.
Torno-me disforme, qual polvo que almeja um mar tão maior que si próprio.
Misturo o que quero, com o que não quero.
Misturo os desejos aos medos.
Confundo-me, engano-me. Fico perdida.
E, assim, uma dança que sei perfeitamente dançar torna-se num improviso medíocre e aflitivo. Para quem o dança e para quem a ele assiste.
Dissolvo-me em ti, como o polvo se dissolve no mar.
Danifico a coerência interna.
Não assumo o que quero, nem o que não quero. Fico pela superfície, ainda que dando a entender que sou um poço de complicações e de limitações. Não o sendo, sou-o.
Limito-me para não assustar. Assusto com o que não-sou, em vez de ser por aquilo que naturalmente sou.
Dissolvo-me em ti.
Na ânsia do encontro. Na ânsia da procura. Na ânsia da entrega e da conquista. Dissolvo-me.
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