Andamos pelo mundo completamente descalços.
Andamos pelas emoções sem protecção.
Andamos pela vida sem saber o que é a vida.
Porque não pensamos.
Porque não nos quietificamos a avaliar.
Porque temos medo.
Medo de matar quem somos. Aquilo que conhecemos de nós. Aquilo que alcançamos.
E ficamos onde estamos. Cheios de confianças. Confiança verdadeira. Palpável, credível. Confiança!
Mas há constantemente um outro mundo à nossa espera. Um mundo novo. Em cada segundo, a cada decisão. Mas também há o mundo do desvio imenso àquilo que temos.
Diferente daquele que agora conhecemos.
Há um mundo se estendermos a mão para o colher. Se o procurarmos. Se aceitarmos que podemos beneficiar. Se aceitarmos que pode vir lá melhor. Se aceitarmos, ao menos, que há a possibilidade de ter melhor. De sentir melhor. De saber melhor. De viver melhor.
Há um mundo melhor para nós se nos desprendermos. Desprendimento. Daquilo que alcançámos.
Que alcançámos certamente com sacrifício. Com dor. Com esforço. Negando outros prazeres.
Tudo isso é válido. Nós somos válidos, como somos. Somos perfeitos.
Mas, ainda assim, desprendermos do que alcançámos traz-nos a possibilidade de outro mais. Outro mais. Desconhecido. Ininaugurado. Outro. Mais.
E não sabemos que não temos tudo até que paramos. Quietos. Aceitarmos o que somos. O que temos.
Somos convencidos de tudo e de todos até pararmos e baixarmos as grades de protecção.
Sabemos de tudo. Com certezas. O tempo todo.
E nada importa, além do objectivo que há em mente. Que pode não ser o objectivo que há na vida. Ou na alma. É aquele que há em mente. Qual lente ligada em zoom sobre aquilo a que nos propomos. Negamos ser satélites do nosso mundo interior.
Este é o nosso estado natural, enquanto corremos pelo mundo. Tudo o resto resulta de esforço mental. De procura activa. Viver pelo mundo acordado.
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