Eu queria ter a coragem de saber de mim. Ter a coragem de falar comigo. Coragem de falar Contigo. Saber de antemão que vou chorar, que vou lutar para não me ver com os Teus olhos.
Eu quero ser individual, cheia de mim, plena de Ti, mas à minha maneira.
Mas também queria poder deixar o mundo desabar, desfazer-se em cacos, não lamentar e seguir os Teus Caminhos para mim. Se eu me sentasse agora e escrevesse para Ti, metade do que fiz hoje seria útil ou inútil? Tenho medo. Tenho medo de fazer tudo errado, de investir naquilo que não me leva à plenitude, que não me aproxima de mim Contigo. Tenho medo de ser errada. E tapo os ouvidos. E vou dormir, meditar, conversar, rir, alimentar-me de costas voltadas para Ti. Só porque tenho medo da Tua Luz. Não se vá dar o caso de Ela ser exigente com a minha vida como eu o sou.
E, depois, olho para o passado, e deixar a vida desabar é tão bom.
"Desistir de tudo", "deixar tudo correr por si só sem intervenção minha", "parar de lutar loucamente". É tão bom. Poder sentir e viver e fazer isso todos os dias. Ter essa coragem. De me Re-Centrar em quem eu sou contigo. Não vens à minha vida fazer nada de diferente, mas eu posso fazer diferente na Tua vida, naquela que me deste, naquela que transporto. Tenho carinho pela vida que me ofereces. Tenho carinho pela vida que posso ter. Que posso planear, sonhar, fazer acontecer. E sinto-me perdida.
É difícil rezar cada momento do nosso dia. A oração constante é possível, mas é difícil.
É difícil manter-se consciente que tudo isto é passageiro, que o que fica é a essência que depositamos naquilo que vivemos e fazemos.
É difícil estar com mongos e sermos tolerantes, eles também buscam em si um qualquer si que lhes valha. Eles também buscam. Os anormais da nossa vida também se buscam em si. Tão anormais quanto eu, tão monos quanto eu, tão empatadores de evolução de almas-irmãs como eu.
E só posso saber o quão Não-Eu-Contigo sou quando saio de mim e me olho, de frente.
E tenho medo. E fazer isso magoa-me. Porque me amo, e me gosto, e me vivo, mas também me descontrolo. Não sou perfeita. Não sou Tua em todo o meu existir, mas queria.
Quando olho para o meu pequeno passado vejo glória nos meus descontrolos. Sei que muitos deles foram vontades rasgadas e claras e puras de mais vida, de mais força, de mais paz. Vontades rasgadas de Ti, vestidas de descontrolo. Também acontece. E nem sempre as aceito.
Se eu me sentir Contigo amanhã, vamos ser bondade um com o outro? Há paz a mim, amanhã quando me sentar e me sentir Contigo? Quando me olhar de fora? Vou ver as minhas borbulhas como uma forma de proximidade às imperfeições dos outros? Vou ver a minha maquilhagem não-perfeita como sinal de que ter feito alguém esperar teria sido pior? Amanhã falas comigo? Paz a mim, amanhã?
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