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Sentir, nem que seja por um instante, o universo alinhado. Sentir que toda a asneira errante e flutuante que foi feita nao foi em vao e que se tornou valiosa. Sentir que tudo aquilo que em liberdade e em consciência foi feito nos levou a um outro plano de plenitude. Somos mais porque nos temos.
Ainda que em sofrimento e em privação. Ainda que sem nos termos. Ainda que sem nos conhecermos. Que maravilha que é poder conhecer gente, poder ter pessoas que permanecem ao longo dos tempos, ao longo das distâncias, ao longo das experiências. Que bom que é poder ter pessoas. O sentimento de carinho recíproco. Que bom. Congratulo-nos. Sorriso.
Sei bem que não nos conhecemos. Sei bem que toda a relação é deturpada e montada em imaginações e em sonhos. E que todo o conhecimento sincero é feito pelo que sentimos, pelo que nos pareceu, muito mais do que alicerçado no concreto. Não nos conhecemos, assumamos.
Estavas tão paralisado, nossa! Tão tranquilo, tão pacífico, tão indefeso. Que doçura de se ver. Armaduras e defesas ausentes. Tão fácil de chegar a ti e de te abordar que até fiquei constrangida!
E tanta gente a querer a tua preciosa atenção. Gente angustiada por finalmente de encontrar e te poder ter por alguns momentos. Não me sei interpor no meio disso. Eu sou. Integra. Tenho o meu espaço garantido, não preciso de danificar os momentos importantes na vida dos outros, ainda que não percebas isto e que te pareça desprezo. É possível escrever e descrever-me com maior clareza? Então fico a glorificar-te. E a rir-me de ti. Por te sentir tão concretamente. Por saber que sei o que sentes. E por saber que não sabias o que ter feito naquela situação tão hilariante. Há mais situações dessas na vida? Há muitas mais? É que foi tudo tão surreal...
Não quero dizer mais nada. Quero ir arranjar-me e ir à minha vida.

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