Aquele pequeno almoço tenebroso.
Um monte de expectativa e de frustração.
De sonhos a serem julgados. Com bondade bilateral.
Ambos quisemos o melhor para o outro.
Ambos falámos livremente, para melhorar a vida do outro. Ambos deixámos marcas, dolorosas, comentários mais além que o aguentável.
Desculpa, universo, as vezes que fui à vida do outro dizer-lhe coisas que ele não podia ouvir.
Desculpa, universo, as vezes que fui à vida do outro fazer reparos que não o levaram mais além. As vezes que perturbei a saúde. As vezes que deitei abaixo com o meu excesso de entusiasmo, clareza e energia.
Desculpa-me universo.
Desculpa-me. Concede-me o perdão e eu poderei conceber ser livre disso e perdoar as vezes que o fizeste na minha vida. Como foi o caso desse pequeno-almoço das trevas. Esse pequeno -almoço marcado em cima do joelho. Esse pequeno-almoço infortúnio do destino. Inventado, pressionado, não-natural. Esse efeito do ego e do bem-fazer. Marcou-se porque era o socialmente mais aceitável. O evento tinha que ser marcado, mas não podia ser vivido. Não se soube vivê-lo. E tudo isso deixa marcas. Marcas que se vão esbater. Afinal, as emoções prescrevem, não é mesmo?
Apaguemos da memória emocional as emoções de toda essa frutração.
Apaguemos as expressões faciais de desdém, os olhares vazios, os nojos e incómodos sentidos.
Apaguemos.
Que possa permanecer o sentimento de bondade recíproca, o conceito de dever social cumprido, sem nos lembrarmos do asco do momento concreto. Lembrar o todo sem cada uma das suas partes. Que possa isso ser o concreto das minhas ideias e das minhas emoções dessa manhã. Oxalá.
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