Tens um medo grande na tua vida. Tens medo de enfrentar a imperfeição, essa vergonha, esse incumprimento.
Tentas explicar ao mundo o quão severa és contigo mesmo. Mas o mundo não acredita. Porque contrasta tão ferozmente com a tua permissividade e com o teu perdão para com os outros. E vives o não-perdão das tuas atitudes no mundo exterior. Reiteradamente.
O mundo fustiga-te, o mundo exterior que tu perdoas e amas com a tua vida, chacina-te, critica-te, manda-te abaixo. E não podes viver a coitadinha. E não podes queixar-te do não-perdão. Da não-tolerância. Porque o mundo sente que te perdoa vezes de mais, o mundo sente que é bondoso demais, e tolerante demais. O mundo é demais e tu não o aproveitas. O mundo sente-se demais. O mundo é perfeito e adequado. E tu não. Chega a ser doloroso descer a esta realidade crua humana. Descer a esta percepção da assimetria da sinceridade que sentes em contraste com o julgamento superficial que te fazem sentir. E é este o mundo em que se vive. É este mesmíssimo mundo no qual és convidada a viver. E a amar. Não aquele perfeito dos livros, ou que já conheceste, ou que já imaginaste. É esta mesma dureza.
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