Ainda que eu não cumpra nada segundo os teus desígnios, tudo é, ainda assim, cumprido segundo os teus desígnios. Este mundo é meu e é teu. Este mundo é o sítio para brincar a viver segundo a liberdade.
Fazer uma ou outra experiência de vida, por si só, não nos aproxima mais de nada.
Sinto-me quase compelida a escolher o mesmo rumo vez após vez. Sinto o dever. E cumpro, com alegria, com felicidade, com bem-estar. Mas às vezes cedo. É difícil manter-me "por sendas direitas". É difícil escolher sempre sentar-me na tua sombra. Procuro, às vezes, também, outras coisas do mundo real.
E faço a experiência dolorosa do não-ti. A experiência humana libertadora do não-ti, sabendo que a experiência de ti é mais quente e mais pulsátil (ou mais agreste e mais dura, também).
Em tudo há uma escolha.
Em tudo me é dado definir a maior verdade minha, de acordo com aquilo que me fizer sentir realizada. Em tudo sou. Em tudo defino como sou e quem sou. Em tudo posso amar-me, de novo.
Qualquer que seja a minha falha, a minha ferida. Qualquer que seja a razão ou a duração da minha ausência, quando a minha escolha for ser maior que maior que maior, é o que eu posso viver e sentir e vibrar. Nada menos que isso me é oferecido, assim que a isso me propuser. Assim que isso quiser receber.
Perdoar as minhas falhas.
Perdoar não querer o bem para mim.
Perdoar a escolha consciente e livre e orientada que faço de não ser próxima de ti. A escolha de não ser contigo. A escolha de não me orientar para a Maior Marie da vida. A escolha. Que simboliza a liberdade de não te ter, de não Ser. A liberdade de não ter tudo segundo a Minha Vontade (se a alinhasse com a Tua e a sentisse como minha). Eu sei alinhar-me e sentir-te. Eu sei. E escolho não o fazer. E não quero voltar a Casa, para não me lembrar que escolhi a liberdade de sair.
Esta experiência de sair e de voltar é-me saborosa. É quem eu gosto de ser. É quem eu conheço e prezo de mim. Apazigua-me poder fazê-lo. Amo-me quando estou e amo-me quando saio. E deixo de me amar quando me apetece voltar, vem a culpa e o não-perdão.
Ficar não é só escolha ou mérito. Ficar é Dom. É Bênção. Que se agradece.
Porque se ama.
Porque se ama o próprio, o ponto de se parte e se escolheu estar, o processo, e porque se ama a Casa de amor completo, universal, invisível, onde nos acolhem quando regressamos. Porque regressar é bom, tanto como a viagem.
Já estou cansada da viagem, regresso-te.
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