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Estou cansada.

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Estou cansada de sorrir, de ir e de vir.
Cansada do tédio, do frenesim de quem quer tudo para já e não sonha com o todo.

Estou cansada de não saber da Vida e de a vida saber tão pouco de mim.
Cansada que tudo passe a correr, sem o sorriso que vem do coração, sem o agradecer com os olhos.

Estou cansada de não poder tomar o tempo de ser e de estar com quem vivo e me deixa viver.
Cansada de seguir aos trambolhões que os outros julgam serem os mais adequados para mim.

Estou cansada.
E vou dormir.
Não porque dormir me vá descansar, mas porque tenho poucas horas. E o relógio já conta para trás o tempo que terei para, novamente, correr freneticamente.
Separada da Vida verdadeira. À margem do Tempo, à margem da Vida, à margem do Ser e do Estar.

Cansada da pequena vida vou dormir, para amanhã permitir e tolerar e encorajar que me vivam mais a mim do que eu me vivo a mim própria.

Solidão, preenche o meu tempo.
Faz-me Ser.
Mais íntegra, mais honesta, mais sincera, mais carinhosa, mais atempada, mais brilhante.
Solidão. Faz-me Ser.
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