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Ser espiral


Houve um tempo de espiritual aproximação ao Tudo de Tudo.
Houve um tempo de conhecer vividamente o prazer e a realidade de Deus no concreto.
Houve um tempo de fechar os olhos e de saber sem dúvidas onde estaria o bem e a graça que a minha vida pequena e única poderia gloriosamente trazer para o Bem Comum, para a Vida do Todo.

Nos dias de ontem, foi a espiral que me possuiu, foi a espiral que me atraiu, foi à espiral que procurei aproximar-me.
A espiral é a realidade da insaciabilidade não-prevista, não-estudada, não-planeada.
A espiral é a realidade do egoísmo louco e desenfreado que procura mais e mais e mais.
A espiral é a busca intensa do exterior que possa aderir a nós. Procurar intensamente que a vida do mundo venha a nós e nos leve ao êxtase.
A espiral é sentir que nada se tem, que entre nossas mãos nada serve, nada vale e ao nada chegamos. Sentir e querer novos, intensos, cativantes, promissores, grandiosos atrevimentos.

Ser a espiral é não ser si próprio.
Ser a espiral é esquecer-se do rumo da vida como uma vida longa e grande e real.
Ser a espiral é, também, não querer ver ou não ter esperança nos resultados e nas promessas do futuro.

A espiral é um modo de vida, como o outro.
A espiral é fácil de viver, mas traz consigo dores e frustrações incomparáveis.
A espiral é a perda da noção do valor da individualidade, e a adesão completa aos outros.

A espiral fui eu, aquela que não-sou, aquela que não-é, aquela que não sente e que, ao fim do dia, se esconde a chorar e a sofrer. A espiral atraente fui eu.


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