Antes que a luz de apague e o pano desça, deixa-me contar-te isto.
Antes que o dia termine e o lençol se suba, não feches as tuas ideias às novas premissas que tenho para mostrar.
Não aceites que uma frase interrompida, num mundo de horas contadas, seja suficiente para esclarecer as tuas resistências. Neste mundo de dissabores, de tempos corridos e cansados, não podemos deixar que frase com um ponto e vírgula te satisfaça. Não feches os olhos, não adormeças o coração com certezas deduzidas.
Há, depois de cada ponto e vírgula apressado, uma outra metade de frase que fica por ser dita. Há amor, arrogância, esperança, desespero, cortejo ou imponência a ser ali cunhado.
Não prives um canto de sala do seu sofá e do seu recosto. Permita-se a cada canto de existência o seu tempo e o seu espaço.
Peço, não se ampute o meu tempo, o meu esclarecimento. Possam as minhas perguntas em voz alta ser colocadas, e as suas respostas negadas. Possa a minha curiosidade cavalgante ceder às chicotadas agrestes de quem não a quer. Possam existir, para serem esmagadas ou abraçadas. A amputação da vida verga a alma, encolhe o amor e o voluntarismo. Fica, a oportunidade amputada, inquieta e em dúvida. Fica à espera, educada e impaciente. O tempo, contido nas manifestações, insonoro no amuo, no desdém ou na contemplação, explica-lhe que após a noite virá o amanhecer, chegará o Sol, a vida e o rebuliço. O tempo passa, vai e volta.
Ainda assim, pede-lhe a minha alma que não se mate, a meio-caminho, aquele meio-carinho que nem chegou a sê-lo...
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